Nos últimos anos, ficou impossível ignorar o impacto que eventos externos podem ter sobre a cadeia de suprimentos.
A greve dos caminhoneiros em 2018 parou o país e esvaziou estoques. A pandemia da Covid-19 mostrou a fragilidade de redes globais e locais de fornecimento, afetando desde o abastecimento de insumos até o cumprimento de contratos.
Mais recentemente, as enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024, causaram prejuízos significativos, interrompendo rotas logísticas, afetando fornecedores e travando o funcionamento de muitas empresas.

Situações como essas deixam claro que o setor de compras é uma frente estratégica que exige uma gestão de riscos estruturada, constante e conectada à realidade.
Por que o setor de compras merece atenção na gestão de riscos?
A área de compras ocupa um lugar crítico na sustentação das operações.
Quando um fornecedor falha, o impacto raramente é isolado: pode afetar a produção, gerar atrasos logísticos, romper contratos e até comprometer a entrega ao cliente final.
Muitas vezes, esse efeito cascata começa em uma decisão mal avaliada: escolher um fornecedor com histórico problemático, desconhecer riscos ambientais ou regulatórios, negligenciar cláusulas contratuais essenciais.
Veja mais sobre isso aqui: Avaliação de fornecedores: 5 critérios para reduzir riscos
Segundo estudo conduzido pela FGV, 65% das empresas só passaram a elaborar planos de ação para a cadeia de suprimentos quando a pandemia já havia atingido o Brasil, demonstrando falta de capacidade de antecipação e resposta a riscos.
Ou seja, faltou antecipação, visibilidade e preparo. E isso se traduz em perdas. Saiba como se precaver acessando nosso ebook gratuito, disponível abaixo:
Quais são os tipos de riscos mais comuns em compras?
Na prática, os riscos enfrentados pela área de compras são diversos e muitas vezes interligados. Os mais comuns incluem:
- Riscos jurídicos, como fornecedores com histórico de ações trabalhistas, fiscais ou ambientais.
- Riscos operacionais, ligados à incapacidade de entrega, qualidade irregular ou falhas logísticas.
- Riscos reputacionais, que envolvem fornecedores associados a escândalos, fraudes ou condutas antiéticas.
- Riscos regulatórios, especialmente em setores como saúde, alimentos e construção civil.
- Riscos ESG, cada vez mais relevantes, relacionados à sustentabilidade, direitos humanos e integridade dos parceiros de negócio.
Leia também: Por que preciso de gestão de riscos em minha empresa?
Como estruturar uma gestão de riscos em compras eficiente?
Uma boa gestão de riscos começa antes mesmo da escolha do fornecedor.
É preciso categorizar os itens comprados com base no seu impacto e risco de fornecimento, e uma das ferramentas mais úteis para isso é a matriz de Kraljic.
Ela ajuda a classificar produtos e serviços entre estratégicos, gargalos, não críticos ou de alavancagem. Essa visão permite identificar onde focar os maiores esforços de controle.
Depois disso, é fundamental realizar o KYS e mapear os riscos potenciais, avaliando probabilidade e quais seriam seus impactos, além de propor estratégias de mitigação.
Isso pode incluir desde múltiplas fontes de fornecimento até a exigência de certificações, cláusulas contratuais específicas até revisão de políticas de compliance.
Aqui você pode usar o background check para realizar o KYS e evitar dores de cabeças futuras. Conheça o Background Check da BGC.
Um ponto central nesse processo é a colaboração com fornecedores. A pandemia mostrou que empresas que mantinham diálogo próximo com seus parceiros conseguiram responder com mais agilidade aos choques. Visibilidade, confiança e comunicação ativa são competências que ampliam a resiliência da cadeia.
Aplicando o ciclo PDCA na gestão de riscos em compras
Outra ferramenta útil é o ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) utilizada para organizar a gestão de riscos.
No contexto de compras, ele ajuda a transformar o diagnóstico em ação contínua:
- Planejar: identificar os riscos, mapear categorias, definir critérios de homologação e selecionar indicadores.
- Executar: aplicar os controles, envolver a equipe, monitorar fornecedores e adotar práticas preventivas.
- Checar: avaliar o desempenho dos fornecedores e dos próprios controles adotados. O background check entra aqui também: ele permite revisar se os parceiros continuam alinhados com os critérios de integridade, situação fiscal, reputação e conformidade jurídica.
- Agir: corrigir rotas, descredenciar fornecedores de alto risco, reforçar boas práticas e melhorar continuamente os processos.
O uso do background check nesse ciclo melhora a fase de checagem. Com ele, é possível não só avaliar o histórico antes da contratação, mas também manter o monitoramento constante da saúde e conduta dos fornecedores ativos.
Implementando a Gestão de Riscos em Compras
As crises recentes ensinaram que gestão de riscos não é opcional, mas sim essencial. O setor de compras, por muito tempo visto como apoio, tem hoje o poder e a responsabilidade de proteger o negócio contra falhas, rupturas e surpresas desagradáveis.
Implementar uma gestão estruturada, usar ferramentas como a matriz Kraljic, o PDCA e o KYS, e fortalecer a relação com os fornecedores são passos primordiais para se precaver para o futuro, evitando crises ou colapsos na cadeia de suprimentos.